segunda-feira, 10 de abril de 2017

... E QUASE SAIU UM SAMBA

Oswaldo Faustino

Um dia um gringo
Com pele queimada
Ao sol de Ipanema
Subiu lá no morro
Falando em cinema
E bateu na porta
Do meu barracão
Sorrindo um bocado,
Falando enrolado
Mascando chiclete
Ficou fascinado
Por nega Elizete
Rainha do samba
E do meu coração
Já foi prometendo
Fazê-la uma estrela
De fama e riqueza
Viagens e festas
Vida de princesa
Mansões, automóveis
E outros deleites
Um disco por ano,
Um filme por ano
Por ano um marido
Lhe bastava um SIM!
Tudo já resolvido
E ele a levava
Lá para os States
A nega me olha
Com jeito de quem
Está querendo partir
A chance talvez
Não se vá repetir
Quem é que na vida
Não sonha em vencer?
Eu fico calado,
Zangado, sentido,
Porém me contenho
Pois estou convencido
De que eu só tenho
Meu samba e amor
Para lhe oferecer
E é tal a surpresa
Ao ouvir da princesa
Um sonoro: NÃO!
Me abraça, me beija,
Me pede perdão
Por ter demorado
A tomar decisão
Não há quem entenda
Mas vivem lembrando
A sua atitude
E rola uma lenda
Em que o amor
De um malandro
Venceu Hollywood

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